top of page

Aprendizagem Baseada em Problemas: Por Que Ela Funciona Tão Bem para Adultos?


“Você está diante de uma equipe desmotivada, os resultados caíram nos últimos três meses, e o clima piorou. O que você faz?”


Essa pergunta não está no final de um módulo — ela é o ponto de partida. E é assim que funciona a Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP): colocando o aluno no centro, diante de um desafio real, sem mapa pronto.


Esse método vem ganhando cada vez mais espaço na educação corporativa porque respeita aquilo que é essencial na aprendizagem de adultos: a necessidade de contexto, relevância e aplicação prática. Neste artigo, vamos explorar por que a ABP funciona tão bem e como implementá-la com eficácia em projetos de T&D.



Aprendizagem baseada em problemas (do inglês Problem-Based Learning) é uma metodologia que coloca o problema antes do conteúdo. O aluno é desafiado a resolver uma situação complexa e, ao longo do processo, busca informações, testa hipóteses, analisa causas e propõe soluções.


Não há uma resposta certa pré-definida. O foco está no processo de investigação, colaboração e tomada de decisão — habilidades cada vez mais valorizadas em ambientes de trabalho.


Diferente de um treinamento tradicional, que apresenta teoria e depois exercícios, a ABP parte da prática para chegar ao conhecimento. Esse movimento faz com que o conteúdo seja vivido, e não apenas recebido.


Por que funciona tão bem com adultos?


A ABP dialoga diretamente com os pilares da andragogia. Adultos aprendem melhor quando:


  • Entendem por que estão aprendendo aquilo

  • Conseguem relacionar o conteúdo à sua vivência

  • Participam ativamente da construção do conhecimento

  • Sentem que o aprendizado faz sentido e tem utilidade imediata


Ao lidar com um problema real ou simulado, o aluno adulto ativa sua experiência prévia, reconhece lacunas de conhecimento e se engaja com mais profundidade. Isso gera não apenas mais retenção, mas maior transferência para o cotidiano profissional.


Como aplicar a ABP em treinamentos corporativos?


Você não precisa montar um curso inteiro baseado em problemas. É possível inserir a metodologia em partes da jornada, especialmente em momentos de ativação e aplicação.

Veja como:


🔹 Etapa 1 – Apresente o problema


Traga um caso real, um desafio comum da rotina ou uma situação crítica. Evite cenários genéricos. Quanto mais conectado ao ambiente de trabalho, melhor.


🔹 Etapa 2 – Provoque a investigação


Antes de apresentar qualquer conteúdo teórico, incentive os participantes a levantar hipóteses:


  • O que está acontecendo aqui?

  • Quais causas possíveis?

  • Que alternativas de solução existem?


🔹 Etapa 3 – Conecte com o conteúdo


Após o momento de reflexão, traga conceitos, ferramentas ou boas práticas que ajudam a ampliar ou reorganizar o pensamento do grupo. O conteúdo entra como suporte, e não como ponto de partida.


🔹 Etapa 4 – Elabore a solução


Peça ao grupo ou ao indivíduo que proponha ações com base na análise feita. O importante é transformar o problema em decisão, planejamento ou prática simulada.


Exemplos práticos


  • Treinamento de liderança: simulações de conversas difíceis com liderados

  • Formação em atendimento: casos de clientes insatisfeitos ou reclamações reais

  • Educação em compliance: dilemas éticos com múltiplas consequências possíveis

  • Aprendizagem de processos: falhas fictícias em etapas operacionais que exigem revisão


A ABP pode ser aplicada tanto em formações presenciais quanto virtuais, com apoio de fóruns, salas de breakout, tutoriais interativos ou sequências de atividades em AVAs.

O que importa é manter o problema como ponto de partida — e não como ilustração do que foi aprendido.


Cuidados ao aplicar


  • Evite problemas vagos ou irreais: isso pode gerar confusão ou desengajamento

  • Prepare o facilitador: ele não deve entregar respostas, mas guiar o processo com escuta e provocação

  • Integre avaliação formativa: o foco não é acertar, e sim aprender com o processo


Mais do que uma técnica, a ABP exige postura pedagógica ativa, centrada no aluno, com confiança no seu potencial de construção de conhecimento.


Conclusão


A aprendizagem baseada em problemas é uma resposta potente aos desafios da educação corporativa contemporânea. Ela conecta conteúdo à ação, transforma o aluno em protagonista e cria experiências mais próximas da vida real — onde as respostas não vêm antes das perguntas.


Incorporar a ABP ao design instrucional é uma forma de respeitar o tempo e a inteligência do adulto que aprende. E de criar formações que geram impacto de verdade, e não apenas mais horas de conteúdo entregue.


IDI Instituto de Desenho Instrucional




Comments


bottom of page